:20: Às vezes a ultra-sonografia não é suficiente para diagnosticar uma lesão

Saiba porque importantes lesões podem não ser diagnosticadas pelo método

A versatilidade do trabalho do radiologista envolvido com lesões nos esportes é a possibilidade de dispor de vários métodos de exames de imagem para se obter um diagnóstico definitivo. Dependendo do tipo de lesão suspeita, faremos naquele atleta uma radiografia, ultra-sonografia (US), tomografia computadorizada ou ressonância magnética (RM).

É muito comum realizarmos algum outro exame após as chamadas "radiografias iniciais". A seleção de um ou outro método de diagnóstico por imagem depende da região do corpo a ser estudada e em qual estrutura anatômica há suspeita de lesão. Poderemos usar um exame apenas ou uma combinação de um ou mais deles.

A US é um método que se difundiu enormemente no Brasil, principalmente com a melhoria de seus equipamentos, no final dos anos 80. Enquanto a RM não chegava ao Brasil, a US, por utilizar um equipamento bem mais acessível, e de fácil operação, foi ganhando seu espaço no diagnóstico de várias doenças e também de lesões ortopédicas, traumáticas e do esporte.

Quando a RM chegou, trouxe melhorias inegáveis para o diagnóstico das lesões em articulações, especialmente as que ocorrem com atletas. A grande vantagem que a RM apresentava sobre todos os demais métodos de diagnóstico por imagem era, basicamente, demonstrar com definição e alta sensibilidade detalhes de estruturas anatômicas intra-articulares (meniscos, cartilagem, ligamentos), além de, naturalmente, também analisar as estruturas estudadas pela US (músculos, tendões).

Ainda hoje a US é um excelente método para algumas avaliações em esportistas: controle de lesão muscular, análise de tendões (tenossinovite, tendinopatia), derrame articular, etc.

Porém, a US tem limitações próprias do método, da sua tecnologia: como a US utiliza ondas ultra-sônicas, estas têm um alcance que depende da resistência física das estruturas do corpo. Explicando melhor: tecidos moles deixam o feixe acústico do ultra-som "passar", enquanto que estruturas rígidas, como o osso, "barram" esse feixe.

Aceitando-se as limitações físicas da US, compreende-se que este método seja utilizado para regiões do corpo acessíveis e para o diagnóstico de estruturas superficiais.

Haverá situações em que a US não conseguirá produzir imagens: estruturas intra-articulares (cartilagem, meniscos, alguns ligamentos), ossos (o osso reflete fortemente a onda ultra-sônica e não permite ver seu restante), etc.

Dessa forma, sabe-se que apesar do ótimo poder de diagnóstico da US para alguns tipos de lesão no esporte, este método é insuficiente para se "fechar o diagnóstico" de importantes tipos de lesões, como por exemplo: lesões meniscais e de outras fibrocartilagens (triangular, lábio glenoidal no ombro e do acetábulo no quadril), lesões de cartilagem articular, como condromalácia patelar no joelho e lesões osteocondrais, osteoartrose, lesão dos ligamentos cruzados do joelho e de alguns do tornozelo, instabilidade no ombro, fraturas, etc, etc.

Assim, um resultado de US "normal" é normal para as estruturas que este método é capaz de diagnosticar. Se naquela região examinada, por exemplo, joelho, houver áreas inacessíveis ao feixe do ultra-som, deve-se ter em mente que várias outras lesões podem estar fora da capacidade de diagnóstico da US. Nos casos onde houver dúvida sobre o resultado de uma US, ou que a lesão é de estrutura de características especiais ou de localização difícil, o exame de RM é o mais indicado para complementar o diagnóstico.

Um exame de RM abrange toda a articulação e sua definição de imagem permite a identificação e o diagnóstico de praticamente todas as estruturas intra-articulares.

Se ainda assim houver casos de dúvida, consulte sempre o seu médico.

Dr. Milton Miszputen

 





 
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